Supondo que era vassalo dilecto,
Das Galerias da rua dos botequins,
Espalhei p’lo céu, bem lá no alto,
Em reclamos mediáticos e pasquins
Feios, simples e práticos querubins
Sem talento, muitos já com defeito,
Mas o efeito foi oposto e não serviu os fins
Supostos; delas ser, poet’eleito;
Tomei a dor como revestimento,
Sem dar conta q’não mereciam tanto,
(Tais montras impáveis de manequins)
Hoje moro inda mais alto q’no monte
Pr’ás ver d’ponto mais longe e distante,
(Galdérias pintadas nuas en'varandins).
Apesar d’as janelas estarem abertas de par em par,Todo o ruído lá fora se diluiu, sumido no ar… Uma criança que chorava breve, o cochichar das velhas Sobre vidas que não as suas, a indefinição das ruas
Num refrão constante, com todos os sons e notas Que chegavam aos meus ouvidos, como um respirar De pautas musicais, escritas nos vitrais abertos, Lembravam-me místicas visões e novas versões de credos,
Que o não eram, não deparava com magos nas vielas Nem fadas, nem gnomos nesse mundo de mil celas, Apenas janelas de imitação em magros corredores de cal, Mas onde todos os sons soavam para mim de forma original,
Eles, como eu, não durámos para sempre, Não escolhemos o vento que nos soprava No ouvido o respirar do universo, como se fosse Algo que se ouvisse (um pensamento, uma frase…)
Sussurro agora do vazio que tenho no fundo do coração, Os sonhos que outros já sonharam nesta mesma mansão, Apenas as surdas janelas continuam ainda abertas, Mas as velhas da rua não passam , nem consigo mais ouvi-las…
O resto do monólogo... não irias entende-lo
Aqui estou, sossegado, escondido, Longe da vista e dos mistérios Do existir, de tudo, do mundo. Aqui estou, sem me fazer notar muito
Nos meus gestos duplicados. Supondo ter sido tudo dito, De quando enquanto fecho os olhos E é num sonho branco que admito
Coabitar sozinho com a eternidade. Neste inexplicável casulo, Quase um Confessionário de padre, Num sossego nulo…
(O resto do monólogo... não irias entende-lo Nem te servirei eu de consolo ou conselho) Afinal nada de novo acontece neste mundo velho, Eu continuo oculto, morando frente ao espelho.
O resto do monólogo... não irias entende-lo
Aqui estou, sossegado, escondido,
Longe da vista e dos mistérios
Do existir, de tudo, do mundo.
Aqui estou, sem me fazer notar muito
Nos meus gestos duplicados.
Supondo ter sido tudo dito,
De quando enquanto fecho os olhos
E é num sonho branco que admito
Coabitar sozinho com a eternidade.
Neste inexplicável casulo,
Quase um Confessionário de padre,
Num sossego nulo…
(O resto do monólogo... não irias entende-lo
Nem te servirei eu de consolo ou conselho)
Afinal nada de novo acontece neste mundo velho,
Eu continuo oculto, morando frente ao espelho.