Devaneios quase possíveis
O sol derreteu-se devagar
a escorrer pela ponta de um pincel macio,
no corpo daquela manhã.
Lenta e preguiçosa,
a tarde, insegura e tonta,
perde-se em divagações em tal cenário.
Ao pintor imaginário
resta a tela e um desafio: cerzir na noite
uma nova manhã.
Sobras de gotas douradas,
novos ares, nova vida,
matéria viva
[até algo surgir da costura agonizante].
Eliana Mora, 11/4/13
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Por um instante, ainda
Por um instante, ainda
se a vida parar
se a tela do mundo escurecer
se o brilho do asteróide ainda conseguir nos alcançar
pronta estarei para tudo
que pode ser um nada
o vazio de um amor que não pode esperar
não importa o som dos pássaros
o alarido de algum nada a me chamar
estarei disposta
recosta aqui sonho meu
abre todas as comportas
pensa que existo
com isto me leva onde quiseres
se pensas que sou eu ainda
se reflito a cor do pensamento teu
retira-me do ponto de partida
anula-me num todo inconsequente
e pula-me a brincar de vida
porque ela é sim
a dona disso tudo
enquanto minha dor resplandecer
num tolo e mágico segundo
atira-me a ti
[que - juro - não resistirei]
Eliana Mora, 30/3/13
Eliana Mora - Lírio deserto
6 comentários:
Belíssimos os poemas de Eliana Mora.
Obrigada por trazê-la Paulo!
"Ao pintor imaginário
resta a tela e um desafio: cerzir na noite
uma nova manhã."
Ambos são muito lindos, mas o promeiro é simplesmente perfeito!
Beijos.
Muito interessante a poesia de Eliana Mora e ainda realçada por imagem sugestiva.
Parabéns pela postagem!
Dois poemas perfeitos. Dois sopros que confirmam a existência da poeta obedecendo a um ritmo particular de vida.
Um discurso poético singularíssimo.
Bonita escolha!
Eliana é poeta de tantos sentidos que nos deixa tontear na palma da sua poesia. parabéns ao blog, por trazer, parabéns a poeta, pelos belos poemas.
beijos.
Um gosto de alegria suave, gente, muito grata por isso!
Obrigada, Paulo
beijos e abraços!
El
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