Pode Deus criar uma pedra que não consiga levantar?
[não sei como, a quem atribuir a autoria desta citação]
[não sei como, a quem atribuir a autoria desta citação]
Estranho astro, este
Que trago mão ante mão,
Como a fracção da tempestade
Que se ajoelha na dobra do mundo. E
Que brilhante candelabro este,
Vagaroso e precário, restolho
Âncora ou sacrário em folha quebradiça?
Que vértebra de luz para que o corpo se aconteça
Dentro da inquieta anatomia do tempo, esse
Oficio principal da mão poeta?
De perfil, a folha postiça neste tempo comum
É refúgio, cálice e patena
Corpo cálido, quase palavra que se inquieta.
Exangue a palma em ruga fugaz, que duma palavra
Enxerta e fixa, um calendário rebordo
Da lei que não rege, nem fabrica
O acaso acontecimento das estrelas:
- Esta mão, ao invés, conserta todas e cada uma delas!
Senão,
Que equilíbrio mastro, este
Primário poema ou palavra, na mão
Que recolhe uma breve sílaba de profeta,
Um pouco de terra que de pó se fez, e
Um pouco depois, talvez chão. E
Então,
Que pano cobre o céu em aguaceiro,
Que mão-travessa do mundo inteiro,
Em meia medida do poema que recordo?
Que trave pendente no tecto e céu duma só peça,
Pedra que germina a inquieta anatomia do tempo,
Constelação mínima na mão do poeta?
Estranha a mão, esta,
Em papel dobradiço,
Sopro poeira oração, que é
Também sono sobejo, um poema que resta.
Dormita agora, a palavra na unha encravada, dormita,
Enquanto não se prepara para mais um dia da criação!
Que trago mão ante mão,
Como a fracção da tempestade
Que se ajoelha na dobra do mundo. E
Que brilhante candelabro este,
Vagaroso e precário, restolho
Âncora ou sacrário em folha quebradiça?
Que vértebra de luz para que o corpo se aconteça
Dentro da inquieta anatomia do tempo, esse
Oficio principal da mão poeta?
De perfil, a folha postiça neste tempo comum
É refúgio, cálice e patena
Corpo cálido, quase palavra que se inquieta.
Exangue a palma em ruga fugaz, que duma palavra
Enxerta e fixa, um calendário rebordo
Da lei que não rege, nem fabrica
O acaso acontecimento das estrelas:
- Esta mão, ao invés, conserta todas e cada uma delas!
Senão,
Que equilíbrio mastro, este
Primário poema ou palavra, na mão
Que recolhe uma breve sílaba de profeta,
Um pouco de terra que de pó se fez, e
Um pouco depois, talvez chão. E
Então,
Que pano cobre o céu em aguaceiro,
Que mão-travessa do mundo inteiro,
Em meia medida do poema que recordo?
Que trave pendente no tecto e céu duma só peça,
Pedra que germina a inquieta anatomia do tempo,
Constelação mínima na mão do poeta?
Estranha a mão, esta,
Em papel dobradiço,
Sopro poeira oração, que é
Também sono sobejo, um poema que resta.
Dormita agora, a palavra na unha encravada, dormita,
Enquanto não se prepara para mais um dia da criação!
Mais do poeta português Leonardo B.
5 comentários:
Caro Leonardo,
penso que a poesia só exista porque Deus assinou a Autoria do Universo.
Lindíssimo poema.
Bravo!!
Grande abraço.
Taninha
Escrevi algures, e não me recorda onde (talvez um dia procure por aí) que:
«Gostava de aprender a olhar para além das aparências, tal como os homens sábios em silêncio o fazem!
Gostava de ouvir o que está por detrás da brisa suave, tal como gostava de dizer as palavras sábias que em silêncio os sábios escutam...
Esse, presumo, será o "Caminho em Si"... a longa distância a percorrer, pelos que olhando para trás sabem exactamente a pedra onde se irão sentar», em que poema se haverá de acontecer o que trazemos dentro; até lá haverá um caminho sem fim à vista, mas que continua e nós com ele, humildemente, incessantes!
Da gratidão que se possa fazer também palavra, senão, sempre
Um incondicional e imenso abraço, Tania
Leonardo B.
Sempre belas as tuas palavras.Grande abraço.
LEONARDO B.
Nem todas as mãos merecem essa tão perfeita anatomia. Suas mãos e de outros poetas, só escrevem o sonho, o belo o interior do eco.
Mas há mãos que mesmo ao escrever apedrejam e insinuam o mal.
Poeta, você é GRANDE!
Obrigada Taninha!
Beijos
Mirze
Que maravilhoso, Léo.
Sempre disperso e intenso nas palavras.
Adoro demais.
Meu carinho.
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