TRÊS POEMAS DE ANA
MARTINS MARQUES
BATATA QUENTE
Se eu te entregasse agora o meu amor
aceso como ele está,
como ele está, pesado,
você o trocaria rapidamente de mão,
você o guardaria um pouco na esquerda,
um pouco na direita,
por quanto tempo antes de o passar adiante?
TRAPÉZIO
Uma vez vendo um número de circoapenas razoável
à noite
numa praça do interior
(tédio e susto, alcoóis fortes, lua baça)
foi que eu me dei conta de que
nunca houve um trapezista
que não estivesse apaixonado.
Todos os poemas são de amor.
EM BRANCO
Dizem que Cézanne
quando certa vez pintou um quadro
deixando inacabada parte de uma maçã
pintou apenas a parte da maçã
que compreendia.
É por isso
meu amor
que eu dedico a você
este poema
em branco.
quando certa vez pintou um quadro
deixando inacabada parte de uma maçã
pintou apenas a parte da maçã
que compreendia.
É por isso
meu amor
que eu dedico a você
este poema
em branco.
Ana Martins Marques (Belo Horizonte, 1976.)
5 comentários:
Não era uma maçã inacabada
Mas uma pintura
Que de tanto frescor
Não precisava
Ser terminada...
Cézanne pintou a maçã,
Mesmo que inacabada.
Zêuxis pintou uvas
Que os pássaros bicavam.,
E na doce ilusão
Com elas se deliciavam.
Nós nos iludimos,
Nós nos deliciamos
Com a bela arte
Que apreciamos.
Batata quente é muito massa!
Os poemas de Ana Martins são lindos e femininos e
amorosos.
Gostei muito,
de todos!
De uma beleza simples que nos deixa em arrombo...
Um abraço.
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