PENÉLOPE
Enquanto a noite cresce e a lua brilha,
faço e desfaço, sem descanso, a teia,
no tear infinito da quimera.
Ulisses há de vir da sua ilha.
Mas enquanto não vem, minha odisseia
é ir tecendo, em pranto, a longa espera.
SANCTA POESIS
faço e desfaço, sem descanso, a teia,
no tear infinito da quimera.
Ulisses há de vir da sua ilha.
Mas enquanto não vem, minha odisseia
é ir tecendo, em pranto, a longa espera.
SANCTA POESIS
Luz que se tece
de sombra
e claridade.
Sua textura,
só quem a acende
sabe.
de sombra
e claridade.
Sua textura,
só quem a acende
sabe.
Flor no silêncio.
Seu colorido,
só quem a colhe
enxerga.
Explosão irisada
de metáforas.
O seu fascínio,
só quem a deflagra
entende.
Cruz implacável
sobre cujos braços
me prego, sangro, morro
e ressuscito
para a vida efêmera.me prego, sangro, morro
e ressuscito
Falo comigo, falo.
Mas só me escuto quando,
em silêncio pensando,
me calo.
O que diz minha boca?
Mentira vã, sonora?
Tudo o que digo agora,
sufoca.
Ânsia íntima, larga,
de seguir só e mudo.
Tudo o que conto, tudo
amarga.
Minha voz de ontem brota
de um legendário hoje.
Subitamente foge,
ignota.
Quem serei? Desconheço.
Se chegar a sabê-lo,
a ninguém o revelo:
esqueço.
(João Manuel Simões, poeta e contista, nasceu em Portugal e vive em Curitiba/PR).
2 comentários:
São poemas do livro Ladainha do ser, de 2011.
Belíssimos, Prof. Jayme!
Belíssimos...
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