PÁGINAS

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Escuro



Ilustração: Joniel Veras


o que surgiu primeiro e criou tudo, uns dizem o silêncio – outros o escuro ; não foi boom de big bang brilho puro, nem foi uma explosão chamada deus ; as coisas corpo cosmo e o que nasceu têm bem menos de luz e mais de breu ; repara o natural nesse universo : basta piscar e a noite vem pra perto ; no céu matéria escura por completo ; o sol e um dia só vai se apagar ; tanta lâmpada engana a noite cá, mas a luz cumpre um prazo pra durar ; em breve o truvo volta pro seu ponto mostrando o breuniverso em que me encontro – somente o escuro fica infindo assombro ; o que criou todo esse espaço em curso ( calor e o modo orgânico no mundo ) uns dizem o silêncio – outros o escuro ; parecem ter surgido os dois juntos – um bloco concentrado cego e surdo – e vão permanecer princípio e fim de tudo : começo de um gorgulho, gente ou susto, o impulso do esculêncio ou silenscuro



Texto e imagem retirados do livro Cabeça de Sol em Cima do Trem, de Thiago E. Leia mais em Mallarmargens.

Ouça a banda de que o autor faz parte: Validuaté.

Textos declamados do poeta: https://soundcloud.com/thiagoe

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma alegria receber do Thiago E o seu livro Cabeça de Sol em Cima do Trem. Poesia de humor fino, de fabricar sorrisos espontâneos, e de emocionar também. Em vários textos, o autor fez uma espécie de dicionário; os significados, claro, sob o modo de ver de quem tem cabeça de sol, de nuvens, de viver neste mundo paralelo onde tudo tem novas nuances e sutilezas. Mas também, poesia de chão batido, rijo, das desavenças de estar no claroescuro. É de encantar ouvir seus poemas declamados por ele, e as músicas da sua linda banda Validuaté. Thiago é também um dos editores da revista de poesia e arte Acrobata.