PÁGINAS

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

3 Poemas de Daniela Delias


A dança

das pedras
diremos das pedras outra vez
dos pés e do limo
até que tudo reste ínfimo
e castas palavras dancem nuas
sob um céu vermelho-vivo

de nossa sede
não diremos

nem das noites em que vens
e farta de não ser
sangro em tua língua
caminho tuas costas


Azulejos

não dançamos aquele blues
nem daquele amor 
(de morrer tambores 
arrebentando o peito)
morremos

ontem reparei nos azulejos
nos respingos de tinta verde
sobre a pedra do alpendre

pensei em comida, correio
no preço do pão e das flores
no sol que lambe minha carne
na cor que cobre meus cabelos

é tão clichê morrer de amor
e nem dançamos aquele blues


Zepelim

eu poderia ser Alice
lábios cor-de-fim-do-mundo
atravessando o oceano
você veria um zepelim

eu poderia ser Alice entre tulipas
Amsterdam, tarde de outubro
você diria Rosa, Violeta
amor em mim, nome de flor

eu poderia ser Alice em seu quarto
ou num hotel à beira-mar, ao sul do mundo
você diria aqueles nomes absurdos
Rosa, Alice, Violeta, amor em mim
meu Zepelim ao sul do mundo

eu poderia ser Alice
e morar em seus versos

5 comentários:

João A. Quadrado disse...


[palavras encantamentos:

assim se fazem de negros e brancos
do verso, rascunho de ventos.]

Imensa Daniela,

Um imenso abraço,

Leonrado B.

Tania Anjos disse...

Belíssimos, Dani. Belíssimos...

Grande abraço!Beijo!

Unknown disse...

sou fã de zepelim e da poetinha,


beijo

Daniela Delias disse...

Obrigada, queridos amigos!
Um beijo com todo o meu carinho,

Dani

Batom e poesias disse...

É tão clichê dizer que adorei?
Pois então...

Bjcas
Rossana