Poema de José Luís Peixoto
Fecho os olhos. vejo luzes de cidades distantes. a noite
distante. vejo o brilho de um sonho tão impossível.
a escuridão é absoluta. a escuridão é infinita.
todos os cegos sabem que a escuridão é a morte.
fecho os olhos. vejo aquilo que se vê com os
olhos fechados.
a tua ausência é, em cada momento, a tua ausência
a tua ausência é, em cada momento, a tua ausência.
não esqueço que os teus lábios existem longe de mim.
aqui há casas vazias. há cidades desertas. há lugares.
mas eu lembro que o tempo é outra coisa, e tenho
tanta pena de perder um instante dos teus cabelos.
aqui não há palavras. há a tua ausência. há o medo sem os
teus lábios, sem os teus cabelos. fecho os olhos para te ver
e para não chorar.
José Luís Peixoto nasceu em 1974 em Galveias, Ponte de Sor, Portugal. A sua obra ficcional e poética figura em dezenas de antologias traduzidas num vasto número de idiomas. Recebeu prêmios pelos romances: "Nenhum Olhar" e "Cemitério de Pianos", e o prêmio de Poesia Daniel Faria com o livro "Gaveta de Papéis".
Leitura do poema "Olhos Fechados":
2 comentários:
belo poema e bela leitura,
beijo Larinha
Tão lindo, Lara...
Isso mesmo: lindo poema , linda leitura.
Beijos!
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