Vida: objeto de desejo
Nós desejamos pinguins. Não os de geladeira com seu peso fixo de massa pintada sua estatuária de cozinha sem nenhum sopro de da Vinci. Nós desejamos pinguins. Não os das geleiras que nos esfriam os dedos ao toque de suas penas firmes. Frios são os caminhos que a morte nos envia. Desejamos os pinguins de nosso assombro fechados dentro de nós no desejo como pérolas nas ostras. Ostras não sabem das pérolas que engendram e trazem consigo. E nós que os formamos do escuro, deles só temos o rastro, pinguins, com seu brilho de nácar. De velhos cadernos escolares Partimos de barco em direção à ilha, pequena, redonda e verde como a dos cadernos escolares. No centro, alguns coqueiros. Ao pisarmos o seu chão, desfez-se, desprendendo cheiros de vegetação e terra úmida que se juntaram ao de maresia. Como se no ar à nossa volta perdurasse em novo arranjo, ilha e mar. O equilíbrio na água era precário. Certo tremor agia em cada um como instrumentos de corda quando a propagação de sons tem seu início. De volta ao barco não olhamos para trás, nem que figura ali deixáramos às nossas costas, sem real força remissiva. Zulmira Ribeiro Tavares – São Paulo, 1930. |
"Guardados" só por gosto. Apenas e tão somente para celebrar a poesia. Viva a Poesia! Salve os Poetas!
PÁGINAS
terça-feira, 9 de outubro de 2012
DOIS POEMAS DE ZULMIRA RIBEIRO TAVARES
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3 comentários:
Massa o segundo!
Obrigado, Fred, por gostar do poema.
Linda a poesia de Zulmira Ribeiro Tavares. Obrigada por compartilhá-la conosco.
Abraços, Prof. Jayme!
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