Atualmente a poesia de três Marianas me encantam. Hoje publico a primeira: Mariana Campos - buhobranca
hoje eu estou às avessas,
mais poeta do que nunca.
mais poeta do que nunca.
exercícios de releitura de ana c. c.
não era casa
jardim
pessegueiro perseguindo
invisível
porta sem janela
gatos-preguiça
esvaziando-se na mudança
travesseiro
tranquilo e desinfetante
a gente acha que tudo,
e não descansa ainda que.
mas a partir de hoje eu quero sugerir:
uma coisa.
e não descansa ainda que.
mas a partir de hoje eu quero sugerir:
uma coisa.
a hora parou em 19h27. minha melhor amiga me sorriu enquanto todos ao
redor pensavam em português e escreviam:
- hay mucho que decir,
continuando calados.
a manga, camisetas verdes, o olhar maduro e as pernas insistentes em se roçar.
eu tinha medo de olhar no relógio porque acabei de descobrir a hora de minha morte. mas os narizes arfando ainda davam a sensação de ser-noite, fria-invernal embora ninguém explicasse o calor do coração, a menstruação lenta.
um cão me contornou os seios, recebi cartas.
nunca respondi. desgosto adeuses.
até breve. até breve. até breve. marcavam os ponteiros do tempo, laceado de tanto espreguiçar-me,
esticando o que me restava.
esticava o tempo e via os olhos do menino e outro menino por detrás dos olhos do menino enquanto pensava o que teria para jantar na casa dos meus pais, se minha mãe cozinhasse as palavras:
abóbora, casadinho.
papilas e cheirá-las junto aos cães, farejando o mistério entre dois azulejos. o céu,
uma ave passou detrás dos olhos da nuca e eu me perdi. eu sempre me perdia e aves sempre passavam. era mais natural do que se pensava, essas aves pensando.
o relógio voltou a andar. era natural.
- hay mucho que decir,
continuando calados.
a manga, camisetas verdes, o olhar maduro e as pernas insistentes em se roçar.
eu tinha medo de olhar no relógio porque acabei de descobrir a hora de minha morte. mas os narizes arfando ainda davam a sensação de ser-noite, fria-invernal embora ninguém explicasse o calor do coração, a menstruação lenta.
um cão me contornou os seios, recebi cartas.
nunca respondi. desgosto adeuses.
até breve. até breve. até breve. marcavam os ponteiros do tempo, laceado de tanto espreguiçar-me,
esticando o que me restava.
esticava o tempo e via os olhos do menino e outro menino por detrás dos olhos do menino enquanto pensava o que teria para jantar na casa dos meus pais, se minha mãe cozinhasse as palavras:
abóbora, casadinho.
papilas e cheirá-las junto aos cães, farejando o mistério entre dois azulejos. o céu,
uma ave passou detrás dos olhos da nuca e eu me perdi. eu sempre me perdia e aves sempre passavam. era mais natural do que se pensava, essas aves pensando.
o relógio voltou a andar. era natural.
ainda falta muito?
já chegamos?
do banco detrás -
eu perguntava a papai, sobre a vida.
preciso fazer xixi!
já chegamos?
do banco detrás -
eu perguntava a papai, sobre a vida.
preciso fazer xixi!
um bilhete por debaixo da porta:
está me ouvindo rabiscar esse poema?
é bom ter o coração, assim, sangrando de alegria.
está me ouvindo rabiscar esse poema?
é bom
é bom ter o coração, assim, sangrando de alegria.
3 comentários:
Nydia,
a poesia de Mariana Campos é encantadora e deliciosa.Obrigada por trazê-la aqui. Não a conhecia.
Já li, reli... Estou naturalmente sorrindo...
Ela "pinta o sete" com as palavras... Lúdica, profunda, reflexiva, intimista... Em minha leitura, tudo isso sutilmente e lindamente "misturado". Amei, amei, amei!
À poeta Mariana Campos muito sucesso e inspirações!
Beijo, Nydia! Excelente seleção!
Tania, delicia é pouco!
Um passeio que fiz saltitando.
Adorei Mariana Campos.
Bjs
Rossana
Fico feliz que tenham gostado. Tão bom divulgar poesia... :) bjs bjs!
Postar um comentário