PÁGINAS

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Os primeiros brotos de Abel Andrade



1. Conversando comigo

São de todas as cores, de todas as formas, são todas irregulares, mas buscam sempre a mesma coisa, buscam não sei o que, mas quero crer, que busquem a alegria do viver. Se pergunto quem são, me respondem, somos belas, não saberemos até quando, pois hoje somos amarelas, rosas, brancas e douradas, amanha poderemos está todas queimadas e sem função, apenas seres esturricados pela falta de consideração e de amor.

Não somos apenas grandes, somos pequenas, de todas as formas, tem aquelas que desabrocham flores exalando seu perfume, mas também a aquelas que apenas a beleza de suas folhas dá sentido aos pobres corações sofredores.

Somos plantas, arvores relvas selvagens, mas queremos apenas viver essa aurora de louvor. Viver não é dádiva, e sim compromisso com o Criador.



2. Um dia

Já fui criança, um dia sonhador, hoje sou um jovem sofredor que sempre sonhou com a vida, em um dia ser vencedor.

Vencendo na vida como um bom doutor, mas a vida não dar saída para que sejamos grande sonhador.

Observo o verdadeiro sonho, vejo apenas as pétalas das flores que vivem a suspirar de amor.

Amor a um passado que vive perdido, nas ruínas de uma vida prostituída.


3. Por que

Porque falar o que sou, se na verdade não sei o que quero e onde vou ser príncipe ou rei, não sei.

Rei nas ruínas da escuridão como a brisa do mar que cai numa tarde de verão trazendo uma dor de amargar. Amarga como fel, sem saber o que fazer, até mesmos se serei um amigo fiel.

Como uma pedra preciosa que brilha no jardim, trazendo alegria e mais amor aos amantes que vivem em baixo do pé de jasmim.




Abel Andrade é religioso, não no sentido institucional da palavra, mas no sentido existencial que ela possui. Ele me perguntava se os seus textos tem qualidade para serem publicadas, confesso não saber fazer essa avaliação, mas o que me toca em seus escritos é essa imersão natureza e no cotidiano, uma tentativa de buscar o sagrado nas manifestações dele. Há também as inquietações de um remador frente a um mar muitos vezes cheios de tempestade, uma tentativa de falar de si mesmo, através da simplicidade e do olhar infantil. Seus textos buscam o encantamento perdido por quem descobriu que a verdadeira mística não é a da instituição, mas a da vida.