PÁGINAS

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

3 poemas de Frederico Barbosa



Desexistir

Quando eu desisti
de me matar
já era tarde.

Desexistir
já era um hábito.

Já disparara
a auto-bala:
cobra cega se comendo
como quem cava
a própria vala.

Já me queimara.

Pontes, estradas,
memórias, cartas,
toda saída dinamitada.

Quando eu desisti
não tinha volta.

Passara do ponto,
já não era mais
a hora exata.


 Do contra

Descontente,  escrevia poesia:
contra.                         O nada,
a cada palavra sua,   alargava.
Doente, escrevia poesia:
contra.               O nada,
a cada palavra, alagava.
Débil,    vivia poesia:
contra.        O nada,
cada palavra calava.
Morreu poesia:
contra o nada,
velha palavra.

  
A Fórceps



não me comemoro
nasci
e é só

nenhum mérito nisso

só o perigo
de saber-me vivo

**

aos que se celebram
meus parabéns

vivam os vivos
o que lhes convém

*

Blog do poeta Frederico Barbosa: http://fredericobarbosa.wordpress.com/

2 comentários:

Tania Anjos disse...

Larinha, eu que sou péssima para comentar, só repito que é muito bom conhecer esses poetas incríves. Mais uma escolha bárbara!

Bjs a você e parabéns ao poeta Frederico Barbosa.

Unknown disse...

Obrigado.