Desexistir
Quando eu desisti
de me matar
já era tarde.
Desexistir
já era um hábito.
Já disparara
a auto-bala:
cobra cega se comendo
como quem cava
a própria vala.
Já me queimara.
Pontes, estradas,
memórias, cartas,
toda saída dinamitada.
Quando eu desisti
não tinha volta.
Passara do ponto,
já não era mais
a hora exata.
de me matar
já era tarde.
Desexistir
já era um hábito.
Já disparara
a auto-bala:
cobra cega se comendo
como quem cava
a própria vala.
Já me queimara.
Pontes, estradas,
memórias, cartas,
toda saída dinamitada.
Quando eu desisti
não tinha volta.
Passara do ponto,
já não era mais
a hora exata.
Do contra
Descontente, escrevia poesia:
contra. O nada,
a cada palavra sua, alargava.
contra. O nada,
a cada palavra sua, alargava.
Doente, escrevia poesia:
contra. O nada,
a cada palavra, alagava.
contra. O nada,
a cada palavra, alagava.
Débil, vivia poesia:
contra. O nada,
cada palavra calava.
contra. O nada,
cada palavra calava.
Morreu poesia:
contra o nada,
velha palavra.
contra o nada,
velha palavra.
A Fórceps
*
não me comemoro
nascie é só
nenhum mérito nisso
só o perigo
de saber-me vivo
**
aos que se celebram
meus parabéns
vivam os vivos
o que lhes convém
*
2 comentários:
Larinha, eu que sou péssima para comentar, só repito que é muito bom conhecer esses poetas incríves. Mais uma escolha bárbara!
Bjs a você e parabéns ao poeta Frederico Barbosa.
Obrigado.
Postar um comentário