PÁGINAS

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

No Miolo Dos Livros

1

Como é bela
a página que se amarelou
atravessando tantos outonos.

Folha que não caiu,
como se permanecesse
entre a flora viva.

2

Algumas retiveram
a pálida silhueta
de marcadores
tardiamente removidos:

Involuntário rubor
pela dissidência do leitor.

3

Espremida entre as páginas,
mata-borrões da seiva viva,
a flor secou, trancada
na escuridão bidimensional.
Mas urdiu à força
uma ilustração intrusa
e temporal.







Mais do poeta e artista plástico Marcantonio Costa

6 comentários:

Tania Anjos disse...

Um dos poemas mais lindos que já li.

Parabéns, Marcantonio!

Marcantonio disse...

Será possível, Tania? Sou meio desconfiado com o que faço. Mas como atua a poesia senão por uma leitura pessoal e íntima? Então é bom ouvir essa sua impressão e fico feliz. E nem sei mais o que dizer, apenas lhe agradecer.

Abraço.

Zélia Guardiano disse...

Muito lindo, Marcantonio!
Linda reflexão acerca do livro, este amigo ...
Abraço!

Sândrio cândido. disse...

Gostei muito,principalmente do um.
abraços

dade amorim disse...

São sempre perfeitos, os poemas do Marcantonio. Sou fã de carteirinha. E esse é uma beleza.
Abraço.

Cora Clarice disse...

Estou encantada com o mundo de poesia que ando descobrindo.
Linda página...