era preciso saber escuros
trago madrugada nos olhos
a marca d’escuro na fala
ao arrepio dos lumes
pelas tantas mortalhas dos dias
[redentoras ofertas em luzes obscuras
oferto-vos a mão fraterna das noites
gestos silentes teatro de velas
coreografia dos signos
confraria das danças seus cios
[ao corte do pêndulo uma clave de sol
convido-os aos mergulhos profundos
liame de luzes revelam peixes
em distância de voos
raro equilíbrio o grão e o brilho
[sabe o albatroz das flores dos mares
entrego-vos bocados de sol às noites
nuas de luas echarpe eclipses
pesadas folhas de céu
nuvens encarnadas por lápides
[epitáfio em aço punhal cor d’olivas
recolho-me junto às folhagens e humos
conhecemos o sabor da terra
Mais do poeta Paulo de Carvalho
2 comentários:
forte, intenso, denso...
tudo isso é a poesia do Paulo de Carvalho.
tudo isso e muito mais!
é preciso, sim, saber... dele!
beijos, Tania
a marca do escuro, que é a marca da poesia, sombra-sonho. belo poema.
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