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sexta-feira, 20 de julho de 2012

era preciso saber escuros

era preciso saber escuros


trago  madrugada nos olhos
a  marca d’escuro na fala

ao arrepio dos lumes
pelas tantas mortalhas dos dias
[redentoras ofertas em luzes obscuras

oferto-vos a mão fraterna das noites
gestos silentes teatro de velas

coreografia dos signos
confraria das danças seus cios
[ao corte do pêndulo uma clave de sol

convido-os aos mergulhos profundos
liame de luzes revelam peixes

em distância de voos
raro equilíbrio o grão e o brilho
[sabe o albatroz das flores dos mares

entrego-vos bocados de sol às noites
nuas de luas echarpe eclipses

pesadas folhas de céu
nuvens encarnadas por lápides
[epitáfio em aço punhal cor d’olivas

recolho-me junto às folhagens e humos
conhecemos o sabor da terra 





Mais do poeta Paulo de Carvalho

2 comentários:

Adrianna Coelho disse...


forte, intenso, denso...

tudo isso é a poesia do Paulo de Carvalho.

tudo isso e muito mais!

é preciso, sim, saber... dele!

beijos, Tania

Roberta Tostes Daniel disse...

a marca do escuro, que é a marca da poesia, sombra-sonho. belo poema.