PÁGINAS

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Duas variações de Régis Antonio Coimbra

TÃO POUCO I

Há muito no tão pouco
que trocamos tão
denso, intenso e fluido
Nos impele, hidráulico
no irrefreável curso
forçado e tão i-
lusoriamente livre

Pendes como fenda
ameaçando-me en-
tranhar regressiva-
mente ao avesso da
sequência natural
que nos exige nas-
cer, crescer e morrer

(com sorte encontrando
consorte com quem
reproduzir nossa miséria)

Amo-te a cada pequena morte
com que me inspiras cadaver-
so com que me transpiras
no corpo o reverso dum morto
ou te ao menos adias-me tal


TÃO POUCO II

Mero, resto-me
ou nem isso:
metafísico

Quero-te
Ou quase:
fantasio

Penso-me
ou nem isso:
iludo

Nisso me olhas
e me quase vês
ao projetar-me
desejando-te
como desmesurada
supões que deverias
demais gostosa
ser

Para mim que meramente
como quimericamente
como-te
és



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3 comentários:

Joelma B. disse...

Nunca sei dizer o que me leva a considerar um poema bom de ser lido...
os textos do Régis me cativaram pelas quebras carregadas de sentido... o arrojo com que ele trabalha os versos e o seu tom insinuante me convenceram a trazê-lo para cá.

Espero que gostem!

Beijos!

Batom e poesias disse...

Joelma, o poema bom de ler lido é o que nos comove, nos toca, nos arranha...
Certamente são assim os poemas do Regis, além da cadência diferente mas estranhamente familiar.

Maravilhosos, ambos!

Obrigada por compartilhar.

Bjs
Rossana

Tania Anjos disse...

Olá, Joelma!

Você e Rossana foram bastante felizes ao expressarem um pouco do que podemos sentir diante de "um poema bom de ser lido".

Para mim foi bom ler os poemas de Régis Antonio Coimbra exatamente pela linguagem e forma - como já disseram vocês.

O poeta trabalha o signo linguístico com beleza e arte: significado e significante harmoniosamente nos dão asas.

Parabéns ao poeta! Foi um prazer conhecer um pouco de sua poesia através do "Poetas Vivos".

Obrigada, Joelma!
Beijos!