PÁGINAS

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Dois poemas de MARIA ESTHER MACIEL




OFÍCIO

Escrever
a água
da palavra mar
o vôo
da palavra ave
o rio
da palavra margem
o oco
da palavra nada.





AULA DE DESENHO

         Estou lá onde me invento e me faço:
         De giz é meu traço. De aço, o papel.
         Esboço uma face a régua e compasso.
         É falsa. Desfaço o que fiz.
         Retraço o retrato. Evoco o abstrato
         Faço da sombra  minha raiz.
         Farta de mim, afasto-me
         e constato: na arte ou na vida,
         em carne, osso, lápis ou giz
         onde estou não é sempre
         e o que sou é por um triz.




Maria Esther Maciel

3 comentários:

Tania regina Contreiras disse...

Ofício: muito bom!
Beijos,

Tania Anjos disse...

Que bom que também gostou, Tania! Acho a poesia de Maria Esther Maciel super bonita e tocante. Bjs!

Jayme Ferreira Bueno disse...

Muito interessante a poesia de Maria Esther Maciel. É verdadeira lição de poesia experimental, bem de acordo com a pós-modernidade.